quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Journey of mine - part 2

Depois da notícia mais arrepiante, os médicos do hospital decidiram que deveriam fazer uma biópsia do meu pequenino embrião, de forma a tentar perceber o que teria acontecido, tendo em conta que já tinha 10 semanas e tinha sido uma FIV. 

No dia 10 de Fevereiro cheguei ao hospital e ouvi de tudo, incluindo uma médica que me disse que talvez fossem gémeos. Enfim... Eu não era eu, era só um corpo que desejava que aquilo fosse tudo um grande e horrível pesadelo. Nunca me deram anestesia para nada, mas eu parecia anestesiada, dormente. 




Depois de ter feito a medicação para a 'expulsão' (detesto esta palavra) do maior milagre da minha vida, vim para casa no dia seguinte sofrer as dores físicas e psicológicas. Quando, uma semana depois, fui fazer o controle, o meu karma ainda não estava contente e resolveu deixar-me de presente um grande abcesso no ovário direito. Fiquei internada uma semana a fazer antibióticos endovenosos e fizeram-me a drenagem do meu 'amigo' no local mais frio e assustador de sempre, sem qualquer tipo de anestesia. No hospital nunca me souberam dizer a causa desta situação, mas eram sempre muito vagos e tentavam sempre fugir do assunto. Os médicos sempre me trataram com muita frieza e como se toda a minha situação fosse como ir ali ao pão e vir já. Eu compreendo que não podiam chorar comigo, mas um bocadinho de empatia não lhes ficava nada mal!

Após isto, resolvi deixar-me de hospitais públicos e agarrar-me com todas as forças ao meu médico de confiança e perder o amor ao dinheiro por um amor maior que ainda irá chegar. Mal lhe contei a minha história hospitalar, ele disse logo que a causa do abcesso tinha sido a biópsia do embrião (que, por sinal, não deu resultado nenhum porque a quantidade de DNA foi insuficiente), em que após a terem feito, deveriam ter feito antibiótico de profilaxia. Long story short, fiquei com um endometrioma no ovário direito que demorou meses a desaparecer!

Como ainda tinha 4 embriões congelados no público, o Dr. C. achou que deveria fazer mais estas tentativas antes de partir para uma nova FIV com ele. Resultado: uma gravidez bioquímica e um negativo. 

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Journey of mine - part 1

Costumo dizer que o meu passado ginecológico é muito atribulado. 

Começou em 2004, tinha eu 20 anos. Fui operada a uma 'laranja' (como a minha médica, na altura, lhe chamou), vulgo quisto no ovário direito. A partir daí, foi uma montanha russa com mais descidas do que subidas e muito menos adrenalina que as montanhas russas normais. 

Descobri que, durante o meu crescimento ainda no útero da minha mãe, o meu próprio útero manteve-se dividido por um septo e que o dividia em duas partes semelhantes, o que levou a uma nova cirurgia. 

Em 2010 começou a minha jornada pela (in)fertilidade. Após 2 anos de tentativas sem sucesso, em 2012, mais uma cirurgia de remoção de um novo quisto no ovário, drilling ovárico e, para a minha maior surpresa, o septo uterino que ainda se mantinha. Segundo o médico, que é o meu ginecologista actual, na primeira cirurgia não tinham retirado septo nenhum!! 

Nesta cirurgia descobri que as hipóteses de engravidar naturalmente eram mais ou menos de 1%... As minhas trompas estavam muito danificadas devido a todas as cirurgias anteriores e consequentes aderências a todos os lados e mais alguns da minha querida barriguinha! Como se não bastasse, descobri também que tenho uma 'amiga' para a vida: a endometriose. 

No início de 2014 fiz a minha primeira FIV, num hospital público, que resultou em 15 embriões e num síndrome de hiperestimulação ovárica!! Fiz a minha primeira transferência em Março, que foi negativa. A segunda em Julho, negativa. 

A terceira em Dezembro... e foi positiva! Foi das maiores alegrias da minha vida até hoje! A ansiedade era imensa, mas correu tudo muito bem até ao dia 5 de Fevereiro de 2015 quando me disseram que às 10 semanas o coração do meu pequenino bebé tinha parado de bater. Vim da maior alegria ao maior desespero em segundos. Depois de tanto tempo e tanto sofrimento, tinha perdido tudo! 


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

First things first

Ontem li que a infertilidade era um submundo.





É a maior verdade que já ouvi nestes últimos 6 anos a viver dentro deste submundo. As pessoas com quem convivemos, salvo raras excepções, não gostam de ouvir as 'tragédias' pelas quais passamos. São todas solidárias e simpáticas, algumas até empáticas, mas não gostam deste tema. Aliás, nem eu gosto! As pessoas com quem falo sobre isto são muito poucas e aquelas com quem sou obrigada a falar... são aquelas que eu tenho a certeza que não me julgam, que não sentem pena de mim e da nossa situação.

É o que eu mais detesto...que tenham pena de mim! Por isso prefiro não falar e guardar para nós as mágoas, as lágrimas, as derrotas, mas também as esperanças e as pequenas vitórias.

Mas quem caminha por este tortuoso trilho sabe que chega a um ponto que procuramos algum conforto em desabafar com quem está a passar ou já passou por um processo semelhante. Mesmo que ninguém me leia, não faz mal... nunca fez mal a ninguém expressar aquilo que vai cá dentro!

Por isso... a viagem do desabafo em acreditar em pequenos milagres começa aqui!